A flor que és, não a que dás, eu quero, Poema de Ricardo Reis (Fernando Pessoa)
A flor que és, não a que dás, eu quero
A flor que és, não a que dás, eu quero.
Porque me negas o que te não peço.
Tempo há para negares
Depois de teres dado.
Flor, sê-me flor! Se te colher avaro
A mão da infausta esfinge, tu perene
Sombra errarás absurda,
Buscando o que não deste.
Texto publicado por Fernando Pessoa na primeira edição da revista Athena, outubro de 1924, p. 19-24.